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Sexualidade

Vamos falar sobre sexualidade?

A pessoa com deficiência há muito tempo tem sido infantilizada pela sociedade e considerada assexuada. Uma pessoa sem desejos e sem direitos de decidir sobre sua sexualidade, principalmente porque a idéia que se tem de sexo, contemporaneamente, esta intimamente ligada a função reprodutiva e genital, aos aspéctos físicos da sexualidade, a sensualidade e o erotismo tem origem no campo psicológico das pessoas.

Quando a pessoa com deficiência busca informações sobre sexo, é muitas vezes desestimuladas pelos familiares e médicos. Quando essa pessoa é uma mulher com deficiência a coisa piora muito.

Isso porque vivemos numa sociedade que prega a busca incessante pela beleza física e por um padrão de beleza quase inatingivél, excluindo dessa forma um corpo com deficiência. Assim, a mulher com deficiência, por não ter um corpo considerado pelos ignorantes desejavél, pode ter muita dificuldade para desenvolver sua autoestima, o que atrapalha ou destroi o desenvolvimento de uma vida sexual ativa.

As representações culturais da mulher com deficiência, principalmente as cadeirantes propagam a idéia de assexuadas, doentes e incapazes de proporcionar interesse, desejos e prazer.

Se durante muitos anos a mulher não teve direito de escolha sobre seu próprio corpo, apenas pelo fato de ser do sexo feminino, a mulher com deficiência sofre duas vezes mais esse preconceito. Sofre o preconceito de gênero e o preconceito pela deficiência.

Tomar o poder sobre seu corpo e lutar pela queda desse esteriótipo é algo muito novo na luta dos nossos direitos.

Inclusão social não inclui apenas acessibilidade arquitetônica, acesso a educação, transporte e saúde. Inclusão social é incluir em todos os setores da sociedade, dando condições e informações adequadas para que a mulher com deficiência possa decidir sobre sua própria sexualidade e seu corpo.

A sexualidade da pessoa com deficiência é um tema que se faz urgente na discusão da inclusão. O nosso corpo tem a mesma produção hormonal e os mesmos desejos que o corpo de uma pessoa sem deficiência.

Cada indivíduo pode viver muito bem e plenamente sua sexualidade de acordo com o que suas circunstâncias lhe permitem.

Somos mulheres cadeirantes, atraimos olhares e despertamos desejos. Somos poderosas, enigmáticas, escondemos segredos, temos misterios no olhar.

Somos encantadoras, decididas, sedutoras e envolventes.

Somos mulheres cadeirantes, não somos frágeis, nem tão pouco doentes.

Celia Corrêa